UM POEMA ME ESCORRE ENTRE OS DEDOS

Um poema me escorre entre os dedos
Sai do meu coração gélido de medo
A frase renitente sempre me vem

Por entre os sulcos de minha cansada face
E a magreza de meu frágil corpo
Vejo os nós do tempo indeléveis sobre mim
Como chicotadas crúeis a cortar-me a carne

Se esvai novamente meu dúbio sentimento
Derramado entre vagas e imprecisas linhas
Dentre todas a mais sórdida é a solidão
Falo daquela que mesmo entre mil me persegue        

Sigo cantando e a palavra que ainda não conheço
cisma em me assombrar
É o verso nascituro, que contudo não rebenta de uma vez
Serão poemas a me escorrer entre os dedos.

J. Sollo
      

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