ÚLTIMO CÁLICE

ULTIMO CÁLICE

Foto de Charlotte May no Pexels


O tempo vai, outro tempo logo vem 
Olhando as horas no vazio sem ninguém. 
Continuo de olhos fechados, pois não preciso 
Deles para ver nosso passado. 

Hoje ainda lembro, porém sem sorrir 
Do tempo que enfeitava de flores teus cabelos 
E do perfume que daquelas se misturava ao teu. 

Tenho é verdade, as lembranças... 
Das promessas que teus olhos entregavam aos meus 
Neles há sombras agora, não jorram mais torrentes 
Nem de felicidade, nem sequer de desencanto 

Pois minha esperança é uma senhora morta 
Vestida de farrapos a contar seus espinhos 
Eu sou essa velha senhora; e como ela carrego no semblante 
Contos de vida e de morte 
Histórias de amores, sussurro de amantes 

Que se alimentam da vil esperança de se possuírem 
Fazer seu o tempo que ninguém mede nem domina 
Mas o qual quando tudo se finda é ainda sereno 
E mudo... observa, é como se zombasse 

Da tola pretensão que nos move a sorver 
Desse cálice a última gota que é fel, que é veneno 
Mas os enamorados teimam em achar que é 
AMOR.


J. Sollo

Comentários

Anônimo disse…
Caro amigo admiro a capacidade que você tem de brincar com as palavras e nos tocar com elas. A poesia "Ultimo Cálice" é uma experiênciados momentos bons ou ruins, dependendo do tempo e das escolhas feitas por cada um. E o que seria da vida se não bebessemos um pouco desse cálice? Amei sua poesia. Rosa
J. Sollo disse…
Valeu sei que você é minha fã número 1. Obrigado pela força.

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