RETRATOS DE CARBONO
Olhos dos meus olhos, ou quem sabe dos teus
Sonhos que foram tão bonitos, já não restam
mais motivos, se sonhar não é mais preciso
Voei num sonho tão alto mas esqueci de perguntar
Se minhas asas eram firmes, se eu não iria fraquejar...
Hoje em minha vida tudo se confunde: passado,
presente e um sopro de futuro que nem sei se resistirá
Perdi tudo o que tive e o que restou não ouso possuir
De todas as ilusões que me fugiram
Se foi junto um pouco de mim
Meus olhos se enchem de lágrimas mas chorar por qual razão?
Se eu fosse chorar toda a dor que me atormenta, meus olhos
se tornariam em oceanos.
As pessoas, as coisas, as lembranças; tudo o que me fere
Tudo pedaços de mim.
Eu que fui um riacho tranquilo, agora tornei-me um poço profundo
No qual minha sombra vaga inerte
É a inquietante face do que eu fui, perdido pra nunca mais me achar
Ferido pra nunca mais voltar.
J. Sollo
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