ALUCINAÇÃO
Não sei se é o frio que me invade....
E dói na alma congelando-me a razão
Mas desse mirante deserto não arredo
São dias e noites perscrutando o horizonte
Meus olhos vão cansados, cessou-me a coragem
Partiu meu alento e mais que eu clamasse
Não ouviu nem sua própria razão
Seus lábios diziam "vou-me agora"
Mas seu olhar moribundo queria ficar
Saiba que te trago em meu sonhar
Sonhos polutos, sem mea-culpa por te desejar
Mas desse templo frio onde nada é real
Meu cabelo em desalinho, diz que não sei mais de mim
Será que após essas tardes modorrentas
Nas quais mal sentia meu sangue a pulsar nas veias
E meu olhar injetado, vidrado mirando somente o nada
Saciar-me-ei das migalhas desse teu amor cão?
E lanço-me fora desse cemitério que me mantinha
Encontro forças pra romper meus grilhões, sempre fui assim
Não lamento o tempo perdido em que te acalentei a volta
Tirada a borra a macular o sentido, que busco com desespero
Na hora que o amante tenta voltar aos braços de sua possuída
Mas que infame angústia; não o deixa fitar seu espelho frio
Alucinado depois que todos os castelos ruíram com estrondo
Restaram os muros a limitar meu desejo de recomeçar.
J. Sollo
Comentários
"Todo muro é uma mentira.
Todo muro é uma coleção de pedras no caminho, para propagar que houve aprendizado."
Lindos versos, poeta...
Abraços!