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VAZIO




Sem nada que me tire da escuridão, observo impotente:
Imersos em nossos medos vagamos perdidos
Somos ilhas que de fato naufragam nos mares
Tão azuis... perecemos isolados, sem um protesto sequer

Mentes em que  a tortura louca das horas, penetra o venenoso ócio

E  de todos, pó e ruína seremos, pedaços de sonhos dispersos.
Nas asas de um anjo sem mácula, eu desejara descansar e nascer puro
Como a flor do lótus, que não se mancha no lodo, seu brilho de brancura ímpar 
Doces plumas, do sonho em tuas asas que soltavam pó dourado

Seres imperfeitos somos, mas é nosso o sangue que pulsa a verve, e flui e sai.

As farpas do caminho, sangram meus pés e mãos, lacerados de espinhos, 
A  dor que ainda trago das cicatrizes, que mesmo após a dor, fervem em
Suas marcas de palavras florescidas e esquecidas, há somente o eco do que vieram dizer
Como aço que nos atravessa, dilacerando tudo, (em ferida que não cicatriza jamais)

Mas não há distância que vença esse sentimento de busca, é decepcionante

Nunca se prenderá o pensamento; até que confronte as muralhas da razão
pois não há bálsamo que cure a inércia dormente dos acomodados
Eu desisto de toda palavra que não se repete, pois o quê nunca foi dito?
Se o sentimento aflorar pleno em todos, é imortal esse fado triste que cantei 

Contudo vago livre dos grilhões da covardia, posso ser livre outra vez. 

Há dias  em que meus poros se abrem e por eles derramam versos, 
não há nada em mim que possa impedir, sem horas, sem madrugadas, 
sem bússola, tenho que dizer; preciso espanar essa loucura, tal sombra me cerca. O verso vem assim, nasce, como um rebento prematuro.


Já não me pertencem os dias, só o silêncio da noite me cala, sou pleno e nada.

Do alto observo como a águia pronta ao bote mortal, mas vejo desolado:
Sou eu caça e  presa, frágil animal indefeso perante as garras de aço que ferem   
Expõem-me as vísceras ao céu, como um Prometeu preso em grilhões.



Como aço provado pelo fogo a se purificar de toda macula, sou sina sou carma.
Lembro de teu sorriso, aberto e luminoso, pobre de mim, que me rende sem dó
Entrete com a alvura de teus dentes, enquanto pereço no vazio ensimesmado e só
Na mentira do nosso amor, vago noites, dias ó vida errante que me  tortura assim

Condenado a sempre existir, nesse vazio eterno pleno de mim, vazio de você.

J. Sollo





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