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RAZÕES

Meu coração é um porto
No qual abrigo muitos navios
Carregados de dissabores e ilusões
Que se perderam sem acalanto
E sem voltar


No meu travesseiro tem um cantinho
que não seca
Pois as dores que eu canto
Nascem de uma dor que não invento
Foi o mundo que plantou em mim
Hoje dá frutos tristes e constantes
Todos de amargo sabor


Perdi meus sonhos todos
Não sei por onde os deixei
Só sei que perdi
Pois onde antes havia a vontade
de chegar e ficar
Tornou-se em saudade e na pressa de fugir


Meu coração não sei mais por onde anda
Nem sei mais como procurar
De cicatrizes está cheio, não há mais lugar para ferir


Morte não vou pedir, como o passado querer?
Se vida eu já não tenho, eu há muito que morri


J. Sollo

Comentários

Moni Saraiva disse…
Versos tristes, cheios de saudade, de uma falta quase acostumada, como se essa falta, pudesse em nós ser parte...

"No meu travesseiro tem um cantinho
que não seca".

No meu também. É o mesmo canto que ouve as pragas, as orações, as promessas e todo o (con)texto que povoa cada noite...

Um beijo!
Jal Magalhães disse…
Várias Razões

Há um navio que ancora em teu porto
discreto, mas cheio de emoções
ele não te leva dissabores, como os outros
Mas tu não enxergas por várias razões

Dá atenção pras tristezas
se entrega ao vazio do sofrimento
esquece da vida em alguns momentos
e segue o caminho das incertezas

Olha dentro de ti
e acharás teus sonhos
Um coração não se perde
se não for por amor
olha o navio em teu porto
que há muito ancorou
A morte eu peço
mas para teu passado cruel
e muita vida para o momento
que ainda nem começou

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UM POEMA ME ESCORRE ENTRE OS DEDOS Um poema me escorre entre os dedos Sai do meu coração gélido de medo A frase renitente sempre me vem Por entre os sulcos de minha cansada face E a magreza de meu frágil corpo Vejo os nós do tempo indeléveis sobre mim Como chicotadas crúeis a cortar-me a carne Se esvai novamente meu dúbio sentimento Derramado entre vagas e imprecisas linhas Dentre todas a mais sórdida é a solidão Falo daquel a que mesmo e ntre mil me persegue           Sigo cantando e a palavra que ainda não conheço cisma em me assombrar É o verso nascituro, que contudo não rebenta de uma vez Serão poemas a me escorrer entre os dedos. J. Sollo leia também  AMOR ADOLESCENTE        

TRÊS

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