DOIS JANEIROS

             DOIS JANEIROS
Foi a última vez que te vi
Naquela tarde fria, também teu frio adeus
Caixas amontoadas num canto a esperar
Não me atrevia a abri-las, temia por mim
Pareciam punhais afiados, preferi
                              [não cravá-los desta vez
Muito tempo passou depois daquele dia
Muito cimento sepultando sonhos desfeitos
Cruzes a me lembrar tudo o que perdi
São dois anos que inutilmente tentei me juntar
Tentei recomeçar com o que restou de mim
Na escuridão dos meus dias temo a luz
Esqueço-me as vezes que eclipses são naturais
Mas sempre passam, não resistem ao poder da luz
E a centena de passos de mim mesmo
Me resta trilhar o  caminho da volta
Dias infindáveis que te imaginei cruzando essa porta
Mas sou apenas eu a lutar sozinho, somente meus ais ecoando
Passos a fugir do calabouço dessa solidão.
J. Sollo

Comentários

Jal Magalhães disse…
Você consegue brincar com as palavras, com a criatividade nata.
Consegue dar beleza à tristeza e talvez numa revolta disfarçada.
Consegue silenciar o grito e mesmo assim fazê-lo ecoar. Consegue fazer-
nos sentir uma dor que talvez nunca tivéssemos provado dela antes.
Consegue ser magistral com muita leveza e simplicidade. Consegue fazer
novela, teatro, filme, em meio a tão poucas palavras. Você, como
sempre, consegue ser começo, meio e fim... Não falta nada!!!

Abçs amigo, não te digo pra continuar assim pq sei q vc sempre se
supera!
Muito bonito.Triste!Mais,bonito e emocionante.
Parabens
Néia Cairoli disse…
Parabéns Jorge!

O que dizer? A nossa querida amiga Jal já disse tudo!!!!

Beijos,

Néia

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