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LAMA NEGRA

Lama Negra

Teu olhar é como taça transbordante de cizânia
Me dispara setas de veneno, flamejantes, rubras de dor

Insensato coração é pois com esse falso amor que tu barganhas?
Não me ferem todavia, já cri em teu falso amor: folha seca
Não há orvalho que inunde a terra que o possa despertar
Pisaste o mesmo caminho no qual plantei sementes

Amargura, amargura, versos são notas tristes
Embelezam mas não trazem nenhum balsamo enfim...
Onde parece jardim florido é nada senão canyon desértico
De unhas sujas, não poderias mesmo falar em limpidez

Todavia tu te revestes d'um manto de pureza e sonhas...
Ávida tua boca deseja o que teu olhar de brilho fugaz, perdeu
Da amargura que tomou teus dias foge, porém com pouca pressa

E de novo te fazes refém da solidão que gruda em ti como fuligem
E tinge tua alma de negro furor e sucumbes virada em estatua de sal

J. Sollo

Comentários

Moni Saraiva disse…
Lindos versos...
Sabor e intensidade de absinto.

Parabéns!

Beijos, Moni
Jal Magalhães disse…
Por vezes acostuma-se ao amargo e acha-se bom... e sente-se um sabor doce no final, para tanto, por vezes não se é compreendido, quando dito, ou o é em demasia aos olhos de pessoas como você que enxergam bem mais, mesmo em meio a mil encenações!!! Parabéns Belíssima poesia
Maria Ribeiro disse…
J. SOLLO: estás a despejar fúria... ACHAS QUE ALGUÉM VALE A PENA que te irrites, desse modo, amigo?Eu nunca me acomodei ao "absinto", ao amargo.JÁ BASTA A VIDA...
ABRAÇO DE
Lusibero
Biagio Grisi disse…
O momento sempre foi e será único, portanto vale a pena, alegrar-se, entristecer-se e neste,odiar e sentir dor!
Valeu amigao
Belíssimo texto, parabéns,

Da nova seguidora, Andréia.
Gheysa Moura disse…
OLHOS NOS OLHOS

Por quem me toma!
Como podes insinuar que espalho cizânia
Se meus versos são verdades
Na falsa realidade da vida.
Minh'alma não esta na folha que cai
Sinta o orvalho, sinta o tempo
Sinta o cheiro que acompanha o vento
Não olhe o ilusório, olhe em meus olhos!
E decida para onde vai...
Zélia Guardiano disse…
Lindíssimos versos!!!
Muito interessante o teu espaço!
Virei sempre...
Abraço
Camila Almeida disse…
olÁ! Sou novata no blog!
Estou seguindo aquilo que me encanta! Peço que me siga tbm! Beijinhos!
Olá, J. Sollo,

passeando pelo blog para colher ideias novas...abraço
shariar disse…
Poeta

há muito não te vejo

saudades

grande abraço
Verdadeira expressão poética d'alma. Gostei muito. Abraços
Anônimo disse…
É de um talento "medonho" sem palavras por si só é um clarão na escuridão....vc é d+ valeu de jaimy pessoa

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Um poema que fala de solidão e da fragilidade da vida

UM POEMA ME ESCORRE ENTRE OS DEDOS Um poema me escorre entre os dedos Sai do meu coração gélido de medo A frase renitente sempre me vem Por entre os sulcos de minha cansada face E a magreza de meu frágil corpo Vejo os nós do tempo indeléveis sobre mim Como chicotadas crúeis a cortar-me a carne Se esvai novamente meu dúbio sentimento Derramado entre vagas e imprecisas linhas Dentre todas a mais sórdida é a solidão Falo daquel a que mesmo e ntre mil me persegue           Sigo cantando e a palavra que ainda não conheço cisma em me assombrar É o verso nascituro, que contudo não rebenta de uma vez Serão poemas a me escorrer entre os dedos. J. Sollo leia também  AMOR ADOLESCENTE        

TRÊS

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