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A ESTACAO




Vejo rostos frios nessa tarde modorrenta, 
o vento com cheiro de chuva anuncia Fantasmas que se revelarão por entre os pingos garoados, o sonho fugiu das Faces; persistentes em expressões de desencanto, no entanto o sangue ainda pulsa.



Do trem que não tarda, eu ouço o resfolegar; distraidamente observo o murmúrio dos moços, como desejara estar perdido em suas tardes pueris, nada de noites vazias sem riso fácil. Vida na rotina, sempre me acho nesse instante que nada resta para recordar. 

Rostos passam apressados nos vagões, parecem esboços da vida na areia do mar que as ondas apagam. O tempo traz uma canção monótona, como se gracejasse da vida, que passa serena e sem cor Os  “porquês” da vida já não verbalizam mais as perguntas sufocadas por essa dor latente, constante


Esse marasmo salpicado com o desejo de viajar, de sair de si mesmo, lançar-se as alturas do céu, ser seu próprio Ícaro prisioneiro do que não mais sentimos. caminhamos sem sair do lugar, nada mais faz sentido.

Ainda te sinto uma parte de mim, você foi embora 
mas permaneceu mesmo assim. O trem freia de repente entre assombrosa nuvem de fumaça e fumo, algum animal nos trilhos, ou talvez outro desditoso sem esperança de nada melhor poe fim a vida, me faz pensar novamente em ao menos ter coragem

E parte o trem novamente deixando mais uma estação, com suas esperanças sonhos vividos e que não mais voltarão, sufoca devaneios no fundo de malas reviradas, utopias, fantasias guardados bem no fundo na esperança de um dia serem tintos do verniz da ilusão. 

E o vendedor de laranjas com sua canção monótona, e o vendedor de balões que pensa que vende sonhos. tudo isso não consola o dia apressado dos que vão, nem rostos que não soube entender tão grande dor.
e ao fim do dia quando desço solitário querendo fugir das agruras do meu dia desejaria ao menos de ter de braços abertos a me preparar o dia de amanhã.

J. Sollo

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