DIAS DO APOCALIPSE (COTIDIANO)
COTIDIANO
Nossas mãos não se tocam
Nosso olhar fugidio nos trai
Ele só reflete nossa indiferença
Os anjos reluzentes que nos
mostram seus sorrisos alvos
Nos arrastam no engano
Nosso olhar é opaco
Não penetra não divisa
O escárnio com que nos fitam
Não são anjos de verdade
Apenas demônios, que ocultam
Sua unhas negras e sujas
Enquanto cravam-nas em algum
incauto, que perece em sua
tolice
Em nosso peito moderno
Onde tudo é normal e comum
Não pulsa mais tu, ó insensato coração?
Pois o que ali trazemos não é
senão pedra...
O frio cortante a tocar as almas
que fenecem não nos pode atingir
Pois que vagamos como zumbis
Que se arrastam vivos nesse lamaçal
Sem alma, à espera de algum
fogo redentor..
J. Sollo
Comentários