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Sou tudo em todos sou imortal, vidas entrelaçadas sempre se tocam

                              Foto de Johannes Plenio no Pexels             
                                            ANDARILHO

Saber que o momento seguinte é sempre melhor que o instante atual
E me decomponho em sons, como a gota frente a luz do sol, mas... Quem poderá saber?

Sou meu verso rasgado, que pulsa de dor e não tem tradução

Só carvão, papel e eu, os três desafiando a madrugada, a se fundir nessa idéia abstrata de entender quem sou eu

Já vim em outras vidas, sem mesmo reencarnar, como pedra de giz que se expressa no próprio ser e abandona-se, deixa a impressão aonde for

Sou esse riso sacana, essa palavra aspirada que tua boca não diz, sou tudo em todos, sou imortal

Será que sou essa alma? E se é assim por que existe essa jaula, que impede o ser transcender?
Saber que amargo veneno é esse, que se toma dizendo que é pra curar a dor

Escrevo até que esvazio minha idéia que, no entanto renasce, e de novo escrevo, divago até sangrar minhas mãos.

Reflito a extrema loucura, de novo refém dessa amargura, que me faz mariposa, me atrai por essa luz

Amo a solidão como todo poeta, e amo ser poeta, pois ninguém me contém; não se aprisiona a água com as mãos

No entanto existo, e sou ser inconformado, sempre vagando, simples andarilho, sem rumo seguindo apenas o murmúrio do vento, a me dar a direção.


J. Sollo

leia também DIVAGAÇÕES

Comentários

Belo uivo poético, visceral em sua intensidade.
Grande abraço, sucesso, feliz 2011!
'sou tudo em todos, sou imortal"
Belo texto, JSollo. Deixo os votos de um 2011 de muita inspiração. Estou completando um ano de blog. Se quiser pegar um selinho por lá...
Esteja à vontade.
Grande abraço!
Gostei muito de ter estado aqui e do texto.
Parabéns.Saudações
Marlene disse…
Poeta gostei muito de ter estado aqui seu texto é lindo,adorei suas postagens,abraço,
tenha otima semana
atenciosamente Marlene

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UM POEMA ME ESCORRE ENTRE OS DEDOS Um poema me escorre entre os dedos Sai do meu coração gélido de medo A frase renitente sempre me vem Por entre os sulcos de minha cansada face E a magreza de meu frágil corpo Vejo os nós do tempo indeléveis sobre mim Como chicotadas crúeis a cortar-me a carne Se esvai novamente meu dúbio sentimento Derramado entre vagas e imprecisas linhas Dentre todas a mais sórdida é a solidão Falo daquel a que mesmo e ntre mil me persegue           Sigo cantando e a palavra que ainda não conheço cisma em me assombrar É o verso nascituro, que contudo não rebenta de uma vez Serão poemas a me escorrer entre os dedos. J. Sollo leia também  AMOR ADOLESCENTE        

TRÊS

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